PERDÃO
Perguntas e respostas extraídas do jornal Palavras de Luz nº 162-2016.
1 – Perdoa a quem te deve e calunia”. Por que esta é a premissa básica para a reforma íntima do indivíduo?
O convite do Cristo é para não nos esquecermos de aplicar nossas energias também no mundo interno, o qual nos estrutura para viver o externo. Sem a renovação interior fica um grande vazio na alma. A felicidade para quem busca a renovação interior deixa de ser um desejo futuro para se tornar um meio de se alcançar a harmonia e a paz. Quando nos dispomos a nascer de novo a cada dia, possibilitamos que a compreensão e o perdão estejam sempre presentes diante dos equívocos do nosso próximo. (Psicologia do Evangelho- Adenauer Novaes, Fundação Lar Harmonia, cap.4)
2 – O que resultará para a minha estrutura psíquica o perdão?
O remorso e o arrependimento das ações infelizes, a tristeza e os desgostos delas derivados constituem fatores mentais dissolventes que se instalam nas engrenagens da alva, provocando distúrbios psicológicos, físicos e morais. O perdão para as faltas alheias luariza a paisagem íntima, clareando as sombras da angústia insistente que bloqueia a alegria de viver, produzindo sofrimentos injustificáveis. A vida são as incessantes oportunidades que surgem pela frente, jamais os insucessos que ocorreram no passado. (Plenitude- Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco. Cap.IV.)
3 – É importante o perdão das próprias culpas?
A culpa sempre insculpe no inconsciente como uma necessidade de punição. A consciência de culpa torna-se tortura lúcida ou não para o emocional, gerando tormentos que poderiam ser evitados. Aqueles que se não conscientizam do erro e preferem ignorá-los, soterram-no no inconsciente, que o devolve de maneira inamistosa, irônica quase perversa contra tudo e contra todos. O ato de perdoar não leva, necessariamente à ideia de anuência com aquilo que fere o estatuto legal e o código moral de vida, mas proporciona a compreensão exata da dimensão do gravame e dos comportamentos a serem adotados para que ele desapareça, devolvendo à vida a harmonia que foi perturbada com aquela atitude. Proporciona o exercício da honestidade para consigo, evitando a autojustificação. (Despertar do Espírito- Joanna de Ângelis – Divaldo Franco, cap.2.)
4 – O que ocorre num caso de expiação, de uma falta grave cometida?
As expiações podem ser atenuadas, não, porém, sanadas. A consciência não perdoa no que concerne a deixar no esquecimento o crime perpetrado, o perdão se expressa mediante a reabilitação do infrator. Enquanto as provações constituem formas de sofrimento reparador que promove, as expiações apenas restauram o equilíbrio perdido, reconduzindo o delituoso à situação em que se encontrava antes da queda brutal. (Plenitude- Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco. Cap.IV.).
5 – À luz da psicologia profunda, o que representa o perdão?
Informa-nos Joanna de Ângelis que “o perdão é superação do sentimento perturbador do desforço, das figuras de vingança e de ódio, através da perfeita integração em si mesmo, sem deixar-se ferir pelas ocorrências afligentes dos relacionamentos interpessoais. Tem um significado mais que periférico de aparência social, representando a permanência da tranquilidade interna ante os impactos desgastantes externos, que sempre aturdem enquanto o indivíduo não está forrado de segurança nas próprias realizações nem confiante na correta execução de programas que exigem desafios através de preços compreensíveis diante dos obstáculos que se encontram pela frente. (Jesus e o Evangelho – A luz da psicologia profunda- – Joanna de Ângelis – Divaldo Franco, cap.X.)
6 – Conseguindo perdoar hoje, como serão minhas condições espirituais depois desta encarnação?
Todo o saber é incompleto e toda a busca é infinita. Necessário partir-se para experiências transcendentes que ampliem a consciência, levando-a a novas percepções. Nascem as permanentes ações de ousar, criar e sentir o que é visto e vivido, como constantes interações entre a alva e a Vida, para que ambas se tornem para o que foram criadas. (Psicologia e o Universo Quântico- Adenauer Novaes, Fund. Lar Harmonia, IV parte).
Texto de Emmanuel – Fonte Viva- psicografia de Francisco Xavier.
Desculpa sempre
Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai Celestial vos perdoará. – Jesus. (Mateus,
6:14.)
Por mais graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação.
Condenar é cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.
Procura nas vítimas da maldade algum bem com que possas soerguê-las, assim como a vida opera o milagre do reverdecimento nas árvores aparentemente mortas.
Antes de tudo, lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que divergem da nossa! Como refletir, apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um coração que não nos pertence? Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera…
A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca.
Amanhã, quando o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra te não altere o entendimento.
Além disso, nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.
Através da nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras menos simpático aos semelhantes! Se há quem nos ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque as cicatrizes e os defeitos.
Se há quem ajude, exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendonos à revisão do passado escuro.
Usa, pois, a bondade, e desculpa incessantemente. Ensina-nos a Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.
Quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes renovações.
Poema Cantiga do Perdão (Maria Dolores-“Antologia da Espiritualidade”- Francisco Xavier.
Não te iludas, amigo,
Por mais se expandam lágrimas contigo,
Todo lamento é vão…
Tudo o que tende para a perfeição,
Todo o bem que aparece e persiste no mundo
Vive do entendimento harmônico e profundo,
Através do perdão…
Perdão que lembra o sol no firmamento,
Sem se fazer pagar pelo foco opulento,
A vencer, dia-a-dia,
A escuridão da noite insondável e fria
E a nutrir, no seu longo itinerário,
O verme e a flor, o charco e o pó, o ninho e a fonte,
De horizonte a horizonte,
Quanto for necessário;
Perdão que nos destaque a lição recebida
Na humildade da rosa,
Bênção do céu, estrela cetinosa,
Que, ao invés de pousar sobre o diamante,
Desabrocha no espinho,
Como dizer que a vida,
De caminho a caminho,
Não despreza ninguém,
E bela, generosa, alta e fecunda,
Quer que toda maldade se transfunda
Na grandeza do bem…
Perdão que se reporte
À brandura da terra pisoteada,
Esquecida heroína de paciência,
Que acolhe, em toda parte, os detritos da morte
E sustenta os recursos da existência,
Mãe e escrava sublime de amor mudo,
Que preside, em silêncio, ao progresso de tudo!
Amigo, onde estiveres,
Assegura a certeza
De que o perdão é lei da Natureza,
Segurança de todos os misteres.
Perdoa e seguirás em liberdade
No rumo certo da felicidade.
Nas menores tarefas que realizes,
Para lembrar sem sombra os instantes felizes
Na seara da luz,
Na qual a Luz de Deus se insinua e reflete,
È forçoso exercer o ensino de Jesus
Que nos manda perdoar
Setenta vezes sete cada ofensa que venha perturbar
O nosso coração;
Isso vale afirmar,
Na senda de ascensão,
Que, em favor da vitória,
A que aspiras na luta transitória,
É mais do que importante, é essencial
Que te esqueças, por fim, de todo mal!
E que, em tudo, no bem a que te dês,
Seja aqui, mais além, seja agora ou depois,
Deus espera que ajudes e abençoes,
Compreendendo, amparando e servindo outra vez!