CULPA E REENCARNAÇÃO
Se considerarmos como é grande o sofrimento de certos Espíritos culpados no mundo invisível, como é terrível a situação de alguns, de que angústias se tornaram presas, quanto esta situação se faz mais penosa pela impossibilidade de lhe verem o fim, poderíamos dizer que para eles é o inferno, se essa palavra não implicasse a ideia de um castigo eterno e material. Graças à revelação dos Espíritos e aos exemplos que eles nos ofereceram, sabemos que a duração da expiação está subordinada ao melhoramento do culpado. O CÉU E O INFERNO – Allan Kardec – 1ª parte, capítulo V, item 7.
Espíritos culpados! Somos quase todos.
Julgávamos que o poder transitório entre os homens nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes.
Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo o quanto dói o cativeiro da humilhação.
Acreditávamos que a moeda farta nos situasse a cavaleiro dos desmandos de consciência.
Entretanto, voltamos à arena terrestre, em doloroso pauperismo, experimentando a miséria que infligimos aos outros.
Admitíamos que as vítimas de nossos erros deliberados se distanciassem, para sempre de nós, depois da morte…
Mas, tornamos a encontra-las no lar, usando nomes familiares, no seio da parentela, onde nos cobram, às vezes com juros de mora, as dívidas de outro tempo, em suor do rosto, no sacrifício constante, ou em sangue do coração, na forma de lágrimas.
Supúnhamos que os abusos do sexo nos constituíssem a razão de viver e corrompemos o coração das almas sensíveis e nobres com as quais nos harmonizávamos, vampirizando-lhes a existência…
No entanto, regressamos ao mundo em corpos dilacerados ou deprimidos, exibindo as estranhas enfermidades ou as gravosas obsessões que criamos para nós mesmos, a estampar na apresentação pessoal a soma deplorável de nossos desequilíbrios.
Espíritos culpados!
Somos quase todos
A Perfeita Justiça, porém, nunca se expressa sem a Perfeita Misericórdia, e abrenos a todos, sem exceção, o serviço do bem, que podemos abraçar na altura e na quantidade que desejarmos, como recurso infalível de resgate e reajuste, burilamento e ascensão.
Atendamos às boas obras quanto nos seja possível. Cada migalha de bem que faças é luz contigo, clareando os que amas. E assim é porque, de conformidade com as Leis Divinas, o aperfeiçoamento do mundo depende do mundo, mas o aperfeiçoamento em nós mesmos depende de nós.
(Justiça Divina – Chico Xavier- p/espírito Emmanuel – FEB – pág.43/45).
JAMAIS DESISTIR
Nenhum de nós se sentirá bem ante as faltas que poderia ter evitado. No entanto, nesses momentos malsucedidos, recorramos ao amor que merecemos para conosco.
A intolerância e a culpa, a tristeza e a vergonha, quando nos fazem sofrer, são efeitos da nossa incapacidade de aplicar o autoamor, estabelecendo o clima da cobrança e da severidade, que constituem dolorosas prisões emocionais.
O tempo presente, porém, chama-nos para a lucidez moral. Compete-nos o perdão incondicional ante os dissabores com nossas atitudes, a tolerância com nossas faltas e brandura para recomeçar.
Comecemos indagando se algo nos impede, definitivamente, de retomar a luta.
Depois oremos suplicando a extensão da misericórdia celeste. Muitos erros da caminhada servem para sentirmos o quanto ainda somos suscetíveis à queda e para reconhecermos, com mais exatidão, a extensão de nossa fragilidade.
Em seguida, façamos um inventário de vitórias e esforços. Perceberemos o valor de continuar o bom combate sem tréguas.
Após esses passos, retomemos o trabalho honesto, e o tempo se encarregará do restante.
Não existe ascensão espiritual sem tropeços e enganos. Façamos o melhor que pudermos, mas, na hora infeliz e dilacerante do fracasso, pensemos em Deus e adotemos como compromisso jamais desistir de lutar e buscar a felicidade, trabalhando, dia após dia, pelo reerguimento e reparação em favor da nossa paz.
Lições para o Autoamor- Wanderley Oliveira-p/Espírito Ermance Dufaux- Ed. Dufaux- Prefácio, pág.10 e 11