PRIVILÉGIO DE VIVER
Não gostamos de falar sobre a morte. Não é um assunto agradável. Provoca-nos ideias tristes, de medo, de despedida, de afastamento, de saudade… É imenso o sofrimento causado pela perda de uma pessoa querida.
Apreciamos falar sobre a vida e sentir o entusiasmo em viver, porque amamos a vida e gostaríamos de jamais nos afastar daqueles a quem amamos.
Mas a morte faz parte da vida de todos, por isso quando falamos da morte estamos também falando sobre a vida. Afinal a morte é um episódio inevitável, em que se muda apenas o jeito de viver, deixando-se o corpo físico, para se continuar tão vivo quanto sempre se esteve. Tantas vezes isto já aconteceu conosco, embora, no momento, estejamos esquecidos dessas experiências.
Apenas o corpo morre, deixando de funcionar e de servir de instrumento para a evolução do espírito imortal, que prossegue com sua inteligência, sensibilidade, pendores, vontade, memória, senso de moralidade, capacidade de amar…
À semelhança de um mergulhador que retorna à superfície, o espírito deixa de usar o pesado equipamento de que necessitava, retornando às características próprias da sua natureza, agora desembaraçado do pesado acessório.
O Espiritismo veio demonstrar a sobrevivência da alma, explicando, com base nos fatos, o que as religiões diziam de forma alegórica, e não provavam, ao se referirem à vida eterna.
Quando assumimos um corpo pelo nascimento, aqueles que nos amam nos recebem com carinho e providências, para que o “mergulho” na vida material transcorra da melhor forma. Quando deixamos o corpo, retornamos à vida espiritual recepcionados por aqueles aos quais nos vinculamos, assistindo-nos para a adequação às novas condições de vida.
É natural que na fase evolutiva que nos situamos, a perda de uma pessoa querida nos emocione e comova. Pois nem sempre conseguimos perceber o quanto estamos próximos daqueles a quem amamos, como os nossos corações permanecem enlaçados pelos sentimentos que permutamos e como compartilhamos pensamentos e estados emocionais.
O conhecimento da realidade espiritual nos esclarece e consola, comprova a imortalidade do espírito, afasta o medo da morte e, principalmente, o medo da vida. Compreendemos, então, o amor divino a renovar a vida constantemente, entendemos o profundo significado da existência e sentimos uma imensa gratidão a Deus pelo privilégio de viver.
Fonte: Jornal Palavras de luz – nº 25 – novembro/2004