PERMANEÇAMOS NO ALTO
“Aquele que estiver sobre o eirado não desça…” Jesus (Mt. 24:17)
É fora de dúvida o quanto Jesus exortou a Humanidade a conservar-se nas alturas, vivendo, Ele mesmo, tal realidade, nos mais imponentes e graves momentos de sua estada no mundo.
O Divino Amigo chega às sombras da Terra, em plena madrugada, alojando-se numa lapa no alto das montanhas de Belém, em Judá.
Seu ministério, ao ter início, reserva-nos os excelentes episódios da Sua vida, tendo como cenário os montes e colinas.
Atende à libertação de Legião, o homem obsesso de Gerasa, nas montanhas helênicas, na velha Decápolis.
Livra-se da sanha criminosa que explodia dos seus irmãos atormentados de Nazaré, quando, do cume, desejavam arremessá-lo, tresloucados.
Transfaz-se num esplendente sol de beleza e amor, ladeado pelos nobres Espíritos de Elias e Moisés, como rezam os escritos evangélicos, no ápice do Monte Tabor.
Glorificado em Deus, se engrandece no sacrifício, frente aos homens, crucificado num madeiro nos altos do Gólgota.
E, quando se ergue do mundo, após Seu retorno do túmulo, que deixou vazio, dirigese aos Discípulos e exorta-os à firmeza e aos cuidados nos labores do Orbe, nos cimos de uma montanha galileia.
Sempre nas alturas seguiu Ele pela Terra. Sempre alevantado no amor, na coragem e na grandeza que fê-Lo deixar, momentaneamente, o dossel estelar para vir ao nosso encontro nas dimensões terrenas.
É tempo de reflexionarmos acerca desses dados, que se nos fazem primorosa simbologia, convidando-nos a que nos mantenhamos nas cumeadas, nos eirados, onde o mal, que desgoverna e enlouquece, não nos atingirá. Quando é que o homem, reencarnado no planeta, confessando fidelidade e crença no Celeste Guia, vai dispor-se ao trabalho de educação em sua intimidade própria?
Para que se mantenha alguém no alto de alguma construção, é imperioso que antes aprenda a subir e depois guarde o necessário valor para permanecer nessa posição, onde o escândalo do mal não o atinja nem o perturbe.
Seja qual for o problema com que te defrontes, seja qual for a dor que te fustigue ou a decepção que te alcance, fixa-te no alto das meditações profundas, tomando como base o eterno bem, para que não te detenhas no erro ou na amargura.
Quando aguilhoado por qualquer drama pessoal, familiar ou social, coloca-te onde o desespero não te possa abater, nos píncaros da resignação, sem que fujas das lutas terrenas.
Ao tempo em que padeças os golpes da violência, em ti ou nos teus, ou, ainda, quando a morte ensejar-te sofrimento e saudade, aloja-te onde mais alto te possas elevar, nas montanhas da coragem, da resignação, da fé sincera, a te brilharem como sóis que orientarão tua paz. Faze esforços e educa-te para que o consigas, com indomável disposição.
Jamais te deixes descer às baixadas morais, em voga em toda parte, virulentas e convidativas. Sabes que é sempre fácil descer aos vales e furnas do revide, da revolta, da violência, da mágoa, do desespero, dos vícios e da covardia moral.
Não te permitas, porém, tal dislate, sobe… Escuta as orientações do Senhor que te concita a manter-te no alto, com o Espírito alçado ao sumo e precioso bem.
Fonte: (Livro Educação e Vivências – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, fl. 151)