O CASAMENTO NA TERRA
“Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir”. (Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, item 3).
É formidável a indagação do Codificador dirigida aos Guias do mundo:
●Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento?
E a resposta é de profunda sabedoria:
●Seria uma regressão à vida dos animais. 1
Em realidade, é com o casamento, formal ou informal, que tem início no mundo a construção da família. A partir desses compromissos, o egoísmo pode encontrar os elementos educacionais capazes de o desmontar. Por mais singela que seja, toda a família deseja a realização do melhor para os seus membros, como se o grupo inteiro se sentisse gratificado com as conquistas individuais – menos nos casos de patologias morais, que inspiram contendas, aversões e competições infelizes no seio doméstico.
Representando um processo no qual os elementos envolvidos deverão se ajustar, com o propósito de cooperar com o Sempiterno na obra do universo, o casamento tem por objetivos próximos o aprendizado realizado pelo casal e, mais tarde, pelo casal e seus filhos, o que alavancará o grupo doméstico para o alcance dos fins previstos pela Divindade, isto é, a transformação dos laços simplesmente consanguíneos em laços igualmente espirituais, ampliando nosso círculo de afetos, de amores, e a integração da nossa família ao contexto da família universal, através dos exercícios continuados da convivência com a tolerância, com a compreensão, com a doação e a participação nos labores comuns.
É no casamento que o casal tem a ensancha de transformar o ninho doméstico num remansoso campo de amor, onde o Senhor da Vida possa estabelecer um ponto de luz nesses tempos de escuridão moral vigente no planeta. Importante é que o lar se faça, continuadamente, um espaço que mereça a confiança do Criador que, por meio das ações inspiradas por Jesus Cristo no mundo, consiga abraçar a tantos corações necessitados, desorientados, carentes que, porventura, o alcancem.
Sem essa via do casamento, onde os consortes passam ao esforço da fidelidade, do companheirismo, do desenvolvimento da lealdade e do amor, culminando com as trocas dos fluidos de confiança, de nutrição psíquica, permitida pela relação carnal, que veicula hormônios que geram estabilidade emocional, incontestavelmente, os humanos se relacionariam sem as noções de limites e de respeito, decorrendo daí a similitude com as relações irracionais dos animais. (Fonte: Desafios da Vida Familiar – J. Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo).
1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, perg.696