NECESSIDADE DA CALMA
O tropel dos desejos infrenes costuma perturbar os indivíduos que se acham em busca das realizações humanas, posicionando-se nervosamente pelos caminhos.
A ansiedade perante os sonhos de conquistas variadas costuma desajustar homens e mulheres que, sem conseguirem sofrear os anelos, avançam, nervosamente, para a infernia da alma.
As palavras maldosas e torpes, dirigidas por muitas bocas a muitos companheiros da existência, costumam putrefazer os sentimentos dos que as emitem, pelas tensões e desgovernos emocionais que sobrecarregam os seres na lide cotidiana, explodindo irresponsáveis.
Agressões verbais e atitudes violentas que investem contra terceiros, vazando das intimidades em desajustamento, logram produzir remorsos e lágrimas, obsessões e agonias, a partir do momento em que a insanidade estilhaça os limites do autocontrole.
Em todos esses quadros defrontamos as tormentas que assediam e que golpeiam os seres humanos, demonstrando a necessidade urgente da calma, que tem feito falta a tanta gente nesses dias problematizados do mundo.
Seguindo a marcha da Humanidade, verificamos que nos tempos em que inumeráveis levas de pessoas se veem a braços com expiações dolorosas e exigentes provações, não tem sido fácil tarefa para esses corações, em geral, suportar o travo das torturas morais e das fustigações materiais; não tem sido simples conduzir o próprio madeiro, testemunhando fidelidade às Divinas Leis, dentro da certeza de que não estão ao abandono do olhar da Divindade.
À frente de tantos que parecem viver mais folgadamente diante de muitos que são representantes do ouro no mundo, perante grande número dos que tripudiam sobre a pobreza, sobre as necessidades mais imediatas das criaturas, são múltiplos os que se bandeiam para as excitações psíquicas, para as crises nervosas, despencando nas pirambeiras das enfermidades ou chafurdando-se nos lodos morais, imaginando estarem justificados em virtude de tantos padeceres e frustrações, perante os desmandos e explorações humanas existentes em seu campo de ação.
Enganam-se os que se aconselham com o nervosismo, desenvolvendo tantos “tiques”, que exprimem a descompensação interior, ao invés de adotarem atitude autoeducativa, que lhes preservaria a saúde mental e física, permitindo melhores reflexões em redor das lutas que atravessam.
Equivocam-se os que julgam pessoas e situações pela visão exterior com que se apresentam, sem aprofundar observações e análises. Estão engodados pela própria imperícia os que admitem que tudo está à matroca pelo mundo em fora, e que os indivíduos que padecem no presente são vítimas da Legislação Celeste, nada tendo a ver com a situação.
Há necessidade de que te eduques para desenvolveres a calma ao redor dos teus passos, a fim de que consigas alcançar a faixa de vibração dos Egrégios Emissários do Cristo, que te falarão de equilíbrio e de soluções fora dos padrões do mundanismo vigente.
Assim, busca manter a calma no labor da profissão, quando tudo pareça degringolar, contrariando os teus interesses, por mais lúcidos que sejam. Mantém a calma na via pública ou na condução, quando percebas os lances mais grotescos ou absurdos, que te parecem desrespeitar. Segue com calma no seio familiar, ainda mesmo lidando com afetos consanguíneos ou afins de difíceis caracteres ou personalidades complexas, mesmo quando saibas que estão corretos os teus posicionamentos e a tua orientação. Guarda-te na calma à frente do progresso do mundo, que parece tardar, no emaranhado de ocorrências nefastas com que te defrontas, perseverando na realização do bem e do belo, onde quer que estejas, a oferecer a tua cooperação à vida.
A calma, contudo, não se confunde com o amolentamento do caráter, ou com o relaxamento dos valores morais que te conduzem para o equilíbrio, sempre. Por outro lado, a calma é atitude dinâmica e, por isso, não compactua com a indolência ou com a preguiça, uma vez que sendo, por seu turno, filha da paz, a calma indicará sempre a quem a busque e com ela se aconselhe, o local mais seguro onde repousar o próprio coração, fugindo da agrestia dos estados de nevroses, até que Deus, que age sempre, imprima o Seu selo de luz e determine o “basta”.
Fonte: (Livro Educação e Vivências – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, fl. 133)