DROGAS E OBSSESSÕES
O livre-arbítrio é, sem qualquer contestação, um dos mais eloquentes galardões com que o Criador abençoa a sua criatura humana, a fim de que ela logre responder pelo seu próprio progresso tanto quanto por sua desdita.
Acostumamo-nos a ver no livre-arbítrio o timão com que cada um conduz a embarcação da sua própria vida, entendendo que todos o podemos utilizar ao sabor da nossa vontade.
No campo do vício, no espaço ocupado pelas múltiplas drogas, sabemos que, não obstante os tormentos vários que aturdem grande número de indivíduos, é através do livrearbítrio que cada um elege a fuga pelas substâncias químicas ou enfrenta as lutas por mais ingentes ou difíceis que sejam.
Ninguém discutirá contra a prevalência da liberdade pessoal na escolha dos usos ou dos abusos com que os seres desejam viver no mundo.
Ao acompanhar, contudo, o desempenho da liberdade de escolha, notamos o quanto caracteres frágeis ou temperamentos compulsivos costumam ser teleconduzidos por Inteligências desencarnadas que se associam às suas fraquezas ou maus pendores, induzindo-os, com persistência, a tomarem os caminhos mais hediondos, fazendo-os crer que estão em pleno exercício da vontade própria. O passo inicial para o despenhadeiro ou para o lodaçal é dado pelo indivíduo desarticulado dos bens da vida, entretanto, a continuidade do horror, que de começo agrada, anestesia, excita e convence, soe demonstrar a interferência escusa, malfazeja e dominadora de Entidades grotescas, ainda que sagazes e astutas.
No vasto ambiente do uso de drogas pelo mundo afora, não encontramos um viciado que seja que não esteja filtrando a energia venenosa e viciosa dos comparsas trevosos que, por vingança, por simpatia ou por oportunismo comum locupletam-se nessas almas desatentas, invigilantes, que muitas vezes supõem-se esquecidas por Deus ou, quando não admitem a Sua existência, imaginam-se fugitivas dos próprios dramas, dos próprios desesperos, marchando para a total desestruturação da personalidade, avançando para a loucura sem limites.
Torna-se prudente que todos aqueles que de um modo ou de outro mantêm-se ocupados a cuidar de drogaditos, no bojo da própria família ou nos arraiais da assistência desinteressada à sociedade, se apoiem na esfera da oração e que se sintonizem com os Emissários do Bem, de modo que se fortaleçam de energias felizes que lhe permitam o afastamento das hordas desestruturadoras que avançam desconsiderando idade, sexo ou condição social, para imporem o seu império de alucinações.
Torna-se indispensável essa sintonia feliz com os Nobres Guardiães da Luz, tendo em vista que sem ela tem sido muito difícil a perseverança em tais labores, uma vez que, aborrecidas, essas Entidades perturbadoras, em se sentindo incomodadas em seus desafortunados interesses, costumam investir contra esses tarefeiros da fraternidade, agitando-lhes problemas íntimos, que passam a importuná-los, ou provocando situações difíceis na esfera da saúde, por meio de fluidos nocivos, quando não se imiscuem nas diversas faixas da sua vida comum, na família, no emprego, desnorteando o trabalhador que não consegue compreender o porquê de quanto mais faz o bem, mais se aborrece, adoece, se agasta.
A vinculação, por meio da oração e da vigilância, com os Benfeitores Invisíveis, se torna indispensável, partindo-se do entendimento de que o dedicado servidor de hoje, na grande maioria das vezes, traz os flancos morais desguarnecidos de passados deslizes reencarnatórios, do que se valem muitos impertinentes verdugos da erraticidade para desestimular o bem que se quer fazer ou as reformulações morais em vista.
Pensamos que será através de acurado processo de educação da alma, após a concepção superior da existência do Espírito imortal, o que corresponderá à promissora rota de emancipação e iluminamento interior, que todos aqueles que se decidiram a servir, atuando em nome do amor ao semelhante, não mergulharão nas vagas do desalento e compreenderão que será por meio da disciplina no bem, da continuidade na ação nobre, que se forrarão às torturantes investidas das almas doentes que não se sensibilizaram, ainda, com o perdão, com a fraternidade, mantendo-se na retaguarda.
Somente a educação do Espírito, ante a certeza de que a vida na Terra não passa de um estágio formidável de aprendizagem e crescimento, fará, por seu turno, alcandorar-se o indivíduo, logrando evadir-se dos tormentos internos como dos componentes obsessivos que o rodeiam.
Com Jesus, na vivência quotidiana responsável e lúcida, a orientação amadurecida, a educação que aconchega, que renova, que inspira ao serviço devotado ao avanço da Humanidade, conseguirá elevar os habitantes deste “planeta azul” aos píncaros da realização espiritual, no seio do Grande Pai.
Drogas jamais.
O Cristo, sempre, na condição de Líder Maior das nossas veredas pelo mundo das provas e das expiações buscadas pela própria disposição enferma e rebelde dos indivíduos, quando ainda indispostos ao avanço para a Grande Luz.
Fonte: (Livro Educação e Vivências – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, fl.55)