DROGA E TRÁFICO
Dentre os episódios mais execráveis em que se pode chafurdar o indivíduo, estão aqueles em que o egoísmo se projeta com tal fereza, que se mostra passível de promover a destruição de pessoas e de instituições respeitáveis, apenas para satisfazer aos anseios macabros dos seus portadores.
No bojo desses acontecimentos, destacamos a gravíssima questão do tráfico de drogas, no meio das sociedades diversas do mundo.
O traficante, na ânsia de lucrar, perde a capacidade de discernir, de refletir maduramente. Desliga-se de todo sentimento piedoso, para dar vez ao seu caráter miserável, expelindo venenosos dardos sobre todos os que, inscientes e invigilantes, se demorarem sob o seu jugo. Os responsáveis pelo tráfico de drogas não consideram os jovens, que se desenvolvem para a vida, tornando-os, isto sim, dependentes-consumidores das desgraçantes poções, levando-os aos lodaçais da morte moral, uma vez que quase nunca escapam da precoce morte física.
Na loucura à qual se acham atrelados, os traficantes investem contra indefesas e desprevenidas crianças, pelos veículos mais escusos, mais covardes, longe de todo escrúpulo, a fim de se locupletarem nas burras douradas às quais os conduzem o egoísmo nauseante.
É nessa desonrosa faina que o traficante se compromete profundamente com as leis que procura abafar em sua consciência, mas essas leis lhe imprimem a fogo cada preço moral, retirando, a partir de então, a sua tranquilidade, tornando-o, assim, moderno Caim, perseguido pela voz da alma, pelos gritos conscienciais que exigem justiça, que cobram reequilíbrio.
Não costuma ser fácil, nem simples, a peleja dessa criatura desarticulada do equilíbrio e do bem, ao defrontar a consciência própria, antes e depois da desencarnação. Os crimes que cometeu, em nome do dinheiro e do poder, ocultando-se por detrás de traficantes menores, mais propriamente os “caixeiros” tolos e desatentos dos quais lança mão, deparar-se-á, mais cedo ou mais tarde, com a necessidade de se reajustar com as leis do bem sem peias. Idiotias, paralisias, personalidades depressivas mergulhadas em subjetivos complexos de culpa, loucura plena, além de outras avarias de caráter neurológico, psicológico, psiquiátrico, espiritual, em tese, costumam explodir no seio dessas existências no mundo.
Tal insânia, modelo acabado de covardia, como se mostra o tráfico de drogas, é dessas violências contra o semelhante que nada poderá justificar pela frieza com que é elaborada, somente pelo prazer do ganho passageiro e mundano.
Quando alcança os campos do Invisível, após a desencarnação, carcomido por inenarráveis tormentos espirituais, desarticula-se em processos de enlouquecimento, tendo em vista os desencontrados choques entre as suas energias que lhe formam as diversas áreas do “cérebro” perispiritual.
Vezes inúmeras, em função de sua consciência maior ou menor dos gravames perpetrados, são recolhidos, ao desenfaixar-se da carne, por agrupamentos de Espíritos que se julgam reais “justiceiros”, na ultratumba, que os seviciam e impõem inimagináveis situações, das quais não logram evadir-se, nem se esforçam por isso, tamanho o sentimento de culpa, os remordimentos que os inibem, que os manietam.
Somente quando eloquentes procedimentos educacionais puderem ser desenvolvidos pelos indivíduos; somente quando os lares não relegarem às escolas do mundo o ensinamento de ordem moral, demonstrando que será impossível amar a Deus longe do respeito e do amor ao próximo, os quadros do tráfico e do consumo de substâncias psicotrópicas, então, se esboroarão.
Apenas essa educação, apta a modificar caracteres, promovendo a sanidade ética dos seres, poderá endereçar a criatura às meditações profundas, ao respeito a si mesma e ao semelhante, como consequência.
Entretanto, é bom que se diga que os altos ônus a serem resgatados por essas almas, embriagadas, hoje, pelo gozo do desenfreado egoísmo, fazem com que nos penetremos de compaixão, de piedade, antevendo os tempos de graves expiações que as aguardam. O mau uso da capacidade de indução, de persuasão, a facilidade no convencimento, tudo isso, quando utilizado para o desequilíbrio da vida, determina caminhos difíceis, encravados de espinhos, para logo mais.
Se deves fugir da viciação toxicomaníaca, porque te destroçaria a própria vida, pensa bem e te afasta de todo e qualquer processo de traficar, para que não infelicites a tua existência, pela tragédia que destilarias sobre inumeráveis outras existências, o que te imporia muito “pranto e ranger de dentes”, consoante a referência de Jesus. Sê saudável e consciente pelos caminhos da tua vida, sem te complicares por um prazer que usufruirias durante tão pouco tempo, sobre os escombros alheios, descompensando-te por tempo indeterminado.
Traficar nunca!
Fonte: (Livro Educação e Vivências – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, fl.49)