24 – DROGADIÇÃO NA FAMÍLIA
Compreensivelmente, no conjunto doméstico encontram-se espíritos de variada conduta, procedentes de experiências diversas, nas quais houve a santificação pelo amor, assim como foram assumidos compromissos negativos que necessitam de reparação.
O renascimento em um ninho acolhedor capaz de oferecer segurança aos mais fracos e dependentes, constitui uma bênção que necessita ser considerada com seriedade.
Nada obstante, porque remanescem no inconsciente profundo de cada um as marcas dos delitos que aprisionam os infratores, quase sempre esses espíritos comprometidos retornam aos mesmos campos de ação negativa, apesar do socorro que recebem e da orientação que lhes é fornecida.
Mesmo nos lares equilibrados, onde o amor enriquece os sentimentos, encontram-se espíritos atormentados interiormente, incapazes de lutar contra as más inclinações, que se fazem trânsfugas aos deveres que lhes dizem respeito, tombando nas armadilhas do erro, de que se deveriam libertar por completo.
Em virtude da larga e fácil propagação das drogas perversas, esses espíritos quase sempre reincidem nos vícios a que se acostumaram, sem forças para superar as situações afligentes que lhes desencadeiam as falsas necessidades para as fugas doentias…
Muitas vezes, a iniciação tem lugar através do uso do tabaco, nas rodas de amigos jovens, ansiosos e frustrados, ou das libações alcoólicas de fins de semana, que se alargam em outros dias, gerando dependências infelizes.
Quase sempre, porém, as experiências nas drogas têm lugar nas escolas e nos clubes, na convivência com outros viciados que os iniciam, seja através da maconha, da cocaína, dos anabolizantes e de tantas outras substâncias adictivas.
Nas classes menos favorecidas economicamente, são a cola de sapateiro, o crack e outras drogas alucinógenas, que prometem fazê-los esquecer os sofrimentos da miséria, da solidão, da frustração, ou que lhes propiciam coragem alucinada, entusiasmo delirante, responsáveis pelas terríveis paisagens sombrias da loucura…
A vigilância dos pais, em relação aos filhos, especialmente na adolescência, quando surgem as mudanças impostas pelos hormônios sexuais, que dão lugar à agressividade, aos silêncios prolongados, à alienação familiar, à desconfiança, pode evitar os comprometimentos com as drogas, que se apresentam como falso recurso de equilíbrio para os enfrentamentos diários.
No começo, a experiência é resultado da curiosidade, ou da orientação de outrem mais astuto e dependente, ou de traficantes hábeis que se insinuam nos grupos jovens, através de outros viciados, convidando ao baseado ou a uma aspiração do pó… Não poucas vezes, o resultado é surpreendentemente desagradável, mas logo é superado pela sensação de euforia que surge na repetição, pela ação delirante da substância utilizada.
No que diz respeito às drogas injetáveis, a gravidade é muito maior, em razão das aplicações em grupos, que se utiliza de agulhas infectadas por várias doenças, especialmente pelo HIV, o temerário vírus da AIDS…
Nas denominadas rodas de uso desse tipo de drogadição, a disseminação do flagelo cruel é fácil e irremediável, consumindo vidas que se estiolam nas suas garras temíveis.
A observação dos pais às naturais mudanças de comportamento dos filhos no lar, constatará o perigo do mergulho nos dédalos sombrios dos vícios de qualquer natureza, particularmente no das drogas químicas.
Tornou-se tão banal a drogadição, que ante a impossibilidade de controlá-la, como seria ideal, muitos administradores e cidadãos propõem como solução para o desaparecimento do tráfico danoso, a sua descriminação, que diminuiria a incidência dos homicídios hediondos praticados pelos grupos de exploradores.
Lamentavelmente, essa proposta, caso venha a ser aceita em qualquer lugar do mundo, transformar-se-á em calamidade pública, qual ocorre com as bebidas alcoólicas, os denominados jogos de azar, as corridas de cavalos e de outros animais, todos eles responsáveis igualmente por elevadas estatísticas de vítimas inermes e desesperadas.
A educação moral no lar é o recurso mais próprio para evitar-se a contaminação dessa pandemia – a drogadição -, ensejando segurança emocional e afetiva ao ser inquieto e inseguro no processo da sua reencarnação, trabalhando-lhe os tesouros morais que serão estimulados para a luta e para o equilíbrio.
As conversações sinceras, sem rodeios e com clareza, referindo-se às ocorrências do cotidiano, sempre apresentando as lições positivas de que se podem retirar, ensejam a manutenção da confiança dos filhos nos pais, que serão sempre consultados antes das atitudes infelizes, aconselhando-se, ou que serão informados dos insucessos que os afligem desde o começo, no claro-escuro das decisões…
Enquanto viger esse espírito de equilíbrio e de consideração recíproca entre genitores e descendentes, muito mais fácil se tornará o entendimento diante dos problemas desafiadores, como dos enfrentamentos que se fazem indispensáveis para o amadurecimento psicológico dos educandos.
Não será uma fiscalização defluente da desconfiança, da suspeita sem justificativa, mas um cuidadoso acompanhamento emocional e espiritual dos acontecimentos que afetam o grupo familiar, buscando-se sempre a solução da dificuldade, jamais a censura, a punição, a atitude puritana e superior de que muitos pais se utilizam para mais aprofundar as distâncias emocionais que se fazem durante esse período delicado.
Quando, no entanto, seja constatada a presença da insidiosa drogadição em algum dos membros da família, a postura dos pais deverá ser a de equilíbrio e não de espanto, de lucidez e não de autopunição ou de autocompaixão, mais afeiçoando-se ao combalido e sustentandoo com a sua compreensão, trabalhando pela sua recuperação.
Concomitantemente, vale a aplicação da bioenergia, durante os estudos do Evangelho no Lar, noutros momentos, e, de acordo com a gravidade do problema, o atendimento psicológico, a fim de ser removido o fator propiciador da fuga emocional.
Há espíritos muito comprometidos nessa área, alguns dos quais, em existência transata optaram pelo suicídio como recurso de libertação, ora retomando com altas cargas de desequilíbrio e tendências depressivas funestas, recorrendo aos mesmos instrumentos que os infelicitaram antes.
Necessitados de compreensão e de bondade, com o tempo transformam-se em lições vivas de coragem e de fé, tornando-se modelos para outros companheiros igualmente atraídos para esses hábitos inditosos.
O paciente, portanto, vítima de qualquer droga no lar, deve merecer a mesma consideração, evitando-se discriminá-lo, mediante acusações frontais ou disfarçadas, que mais o empurram para o abismo, por faltar-lhe o concurso da afetividade familiar.
Todos aqueles que formam o conjunto doméstico, de alguma forma encontram-se comprometidos uns com os outros, ou, pelo menos, com as Leis da Vida, que os reúnem para o processo de crescimento moral e espiritual, auxiliando-os na conquista dos inapreciáveis recursos da sabedoria no rumo da Imortalidade.
Fonte: Constelação Familiar. Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis.