OS BONS HÁBITOS
Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Allan Kardec (O livro dos Espíritos, questão nº 685-a)
OS BONS HÁBITOS – Educadores do coração – Walter Barcelos
Realizamos nosso aperfeiçoamento espiritual pelo trabalho árduo e incessante da autoeducação e podemos auxiliar o aperfeiçoamento dos outros, principalmente da criança, pela prática dos princípios superiores da vida consubstanciados no amor evangelizado.
Se conhecemos a árvore pelos frutos, conhecemos a posição moral de um espírito pela qualidade dos atos, pensamentos e hábitos.
A formação dos bons hábitos nos filhos se realizará pela dedicação dos genitores compenetrados de suas responsabilidades educativas.
Arquivo dos maus hábitos
Para formar os bons hábitos, há necessidade de eliminar os maus hábitos da criança, que se encontram alojados nos escaninhos profundos e misteriosos do coração, considerado como a sede dos sentimentos, das emoções e dos desejos, formados ao longo do tempo pelas experiências de vidas pretéritas milenares.
No Evangelho de Mateus, Nosso Mestre Jesus fala-nos da fonte dos maus hábitos: “O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem; porquanto do coração é que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os falsos testemunhos, as blasfêmias e as maledicências”. (Mateus, 15:18-19).
Se os maus hábitos estão arquivados no coração transcendental do espírito eterno e consequentemente da criatura humana, observamos que, preocupar-se única e exclusivamente com o desenvolvimento da inteligência, não se importando com o universo de exemplos negativos do mundo que rodeiam a criança, em toda parte, agravando-se mais ainda, infelizmente, com a ausência do bom comportamento do pai ou da mãe pela posição de invigilância e indiferença moral, em realidade, em nada contribui para a educação do sentimento e do caráter da criança.
Centro de influenciação psíquica
O recinto doméstico é o meio mais poderoso de influência profunda sobre a mente infantil, não apenas de alguns momentos de relacionamento, mas de tempo diário e integral.
A criança no lar encontra-se na total dependência das criações psicológicas dos pais, porque o espírito reencarnado se acha em processo lento de integração na vida corpórea, sujeito às impressões do caráter, da moral, das ideias e do comportamento dos pais.
Que a criança é um espírito reencarnado todos sabemos, e devemos tratá-la como tal. Encontra-se em hipnose terapêutica, se coloca no ambiente familiar à maneira de perfeita aparelhagem de gravação de som e imagem, em posição invisível e imperceptível ao olhar humano, disposta em todos os ângulos do ambiente familiar, registrando com precisão todas as ocorrências e manifestações psicológicas dos pais, as quais constituirão precioso material de formação de seu caráter para o bem ou para o mal, para as virtudes ou para as deformidades morais, de conformidade com a natureza das influências paternas.
Pela sua eletrônica mental, a criança é a espiã do comportamento dos pais. Ela não faz avaliação do que recebe psicologicamente dos pais: grava tudo no seu mundo mental para posterior utilização, em tempo próximo ou remoto. André Luiz nos diz em Mecanismos da Mediunidade:
“À maneira de alguém que recebe esse ou aquele tipo de educação em estado de sonolência, o Espírito reencarnado, no período infantil, recolhe dos pais os mapas de inclinação e conduta que lhe nortearão a existência…”
Os filhos vão ser o que os pais fazem e vivem, mas não simplesmente o que desejam para os filhos ou ensinam por meio de orientações e ordens severas. Fogem a esta regra apenas os espíritos que reencarnam com altos valores morais, os quais superam todas as más influências dos genitores, com seus recursos espirituais já adquiridos nas engrenagens divinas do coração e da consciência.
A criança pode aprender as mais belas lições da cultura humana e da Doutrina Espírita nos Centros Espíritas através das aulas de Evangelização da Criança, ficando essas lições registradas no seu cérebro como recursos de conhecimentos valiosos. Entretanto a maneira de ser, de viver, de agir, de sentir, de reagir aos acontecimentos, o seu mundo temperamental, sempre será em função de seus sentimentos e caráter adquiridos em vidas passadas e da poderosa influência mentoeletromagnética dos exemplos dos pais no recinto doméstico.
Os maus hábitos dos pais
Certos pais inconscientes expressam uma atitude infeliz diante dos filhos, quando dão a entender: “faça o que eu digo e não olhe o que eu faço”. Essa ideia envolve um engano muito grande, quando o assunto é a educação da criança.
Os pais acreditam que falar belas palavras, dar noções de religião, impor normas, exigir disciplina, proibir o que julgarem errado, usar de severidade e aplicar a força das punições com os filhos rebeldes já é o bastante para educa-los. Acreditam que os seus maus hábitos, as más palavras, as más ideias e os vícios cultivados no relacionamento familiar não contam para o mundo mental da criança. Todos que assim pensam estão completamente enganados. Julgam não precisar educar-se a si mesmos e permanecem conservando grandes enganos na educação dos filhos.
Evangelizar educando
Não somente o cérebro da criança deve aprender o Bem e a Verdade. O coração infantil precisa aprender muito mais, pois, é nele que mora o centro de nossa vida, a fonte de nossas ações, a raiz de nosso comportamento, a alavanca de nossas emoções, o impulso de nossas tendências.
A criança (enquanto inteligência) aprende muito com a aula teórica, seja nos estabelecimentos de ensino ou nos Centros Espíritas, mas assimila de maneira profunda e direta com a aula vida no recinto doméstico, onde os pais funcionam como professores de tempo integral para seus filhos.
Evangelizar instruindo é fazer bem o ensino religioso da criança através dos ensinos doutrinários e evangélicos ministrados com muito amor e devotamento pelos Evangelizadores da Criança nas instituições espíritas e também pelos pais na orientação familiar, muito especialmente, no Culto do Evangelho no Lar.
Evangelizar educando é desenvolver na criança o aprender fazer o Bem verdadeiro, pelo cultivo dos bons hábitos e das boas ações, alicerçando na força de amor educado e nos bons exemplos dos professores, dos evangelizadores da infância e principalmente dos pais.
A mente infantil necessita ser o laboratório central onde os pais capacitados e responsáveis com o Espiritismo, devem atuar como verdadeiros “Técnicos do Espírito”, realizando as mais belas gravações de conduta, exemplificação e orientação, aplicando com disciplina, prudência e carinho o amor evangelizado e a fé raciocinada.