39. Como se podem entender os casos de pessoas que se dão bem com todo mundo, menos com a família?
É tão importante observar a beleza e a importância da relação familiar, relativamente ao mundo atual. Deus nos ama de tal maneira que nos permite a vivência em família pequena, a fim de que nos preparemos para dar conta do amor universal.
Foi Jesus que ensinou que quem não é fiel nas pequenas coisas, nunca o será nas grandes coisas. Como se poderá ser respeitoso, cooperador e fiel a bilhões de almas, que formam o clã planetário, se não se consegue acertar com três, cinco ou dez pessoas no lar?
Entretanto, isso faz parte dos movimentos da vida. Há pessoas que são espinhosas ou frias em casa, com a família, e ótimas na relação fora de casa, que, realmente, estão encenando por causa de interesses, do desejo de tirar vantagem de algum tipo, o que se torna uma postura execrável.
Há, porém, muitos outros casos em que, em razão dos vínculos psíquicos que prendem as almas, coabitam no mesmo lar aqueles que se acham magneticamente atados e que são almas com fortes laços de afinidade. Pesam sobre si débitos e complicações similares. Um enxerga no outro sua própria tendência, o mesmo defeito seu, o que provoca surtos de antipatia, desejos de se destruir a criatura que se lhe apresenta como um “espelho moral”, isto é, vê-se na outra pessoa a projeção do que se abriga no íntimo do ser. Daí haver tantos embates de “iguais” ou “assemelhados” dentro do lar.
Quando não se acha mais no outro a própria projeção, a tendência é a de socorrer o caído, de ajudar o faltoso, de entender o complicado. Quando se é “igual”, um procura achincalhar ou mesmo destruir de diversas formas o outro.
Pensando nos vínculos que prendem os familiares uns aos outros – quer sejam esses vínculos trazidos de remotos tempos ou engendrados na atualidade reencarnatória -, verificamos que tudo ganha sentido pró-evolução no plano de Deus.
O pai complicado ou guardião, a mãe amorosa ou castradora, os filhos companheiros ou distantes, indiferentes, os irmãos difíceis ou amigos, todos fazem parte do canhenho das necessidades gerais e individuais, trazidas para a reencarnação.
É muito importante que saibamos viver bem com todas as pessoas a nossa volta. É necessário mesmo com elas estabelecer vínculos de amizade, de camaradagem boa e enobrecida, que enriquecem a existência. Entretanto, nada de desconsiderar a bênção da família. Nada de menosprezar a relação com ela, por mais complexa que seja.
Quando se deixa de caminhar bem hoje, tem-se que repetir a lição em outro momento. É importante, então, meditar sobre isso, a fim de dar-se melhor sentido à existência que se usufrui agora na Terra.
Fonte: Desafios da Vida Familiar – J. Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo. 2003, p.72/74.