OS FILHOS PERANTE A SEPARAÇÃO DOS PAIS
A separação é situação bastante traumática, especialmente para os filhos, pois naturalmente, além do fim do casamento dos pais, desencadeia-se uma série de assuntos a serem resolvidos em relação a eles, por exemplo, com qual deles ficará a guarda e como será o regime de visitas ou a responsabilidade de cada um dos genitores em relação a eles.
No que se refere à guarda dos filhos, é importante considerar a vontade deles quando já têm idade para opinar, além de ser avaliado o que efetivamente é melhor para o seu bem-estar e proteção, com rotinas respeitadas, principalmente no que se refere à vida escolar e aos costumeiros grupos de convivência.
É importante lembrar que quem se separa são os pais entre si, não sendo uma separação em relação aos filhos.
Para o bem da criança, sempre que inexistirem motivos impeditivos, a guarda compartilhada será melhor que a unilateral, para permitir a convivência mais estreita com ambos os pais. Não se confunda guarda compartilhada apenas com divisão de tempo, pois se trata da resolução em conjunto acerca dos assuntos essenciais, relativamente à sua vida escolar, sustento, entre outras questões.
Como dito, a separação por si só já configura uma situação de sofrimento, mesmo quando é gerenciada da melhor forma possível e pacificamente. Quando há acordo entre as partes, os sofrimentos e aflições podem ser atenuados, mas quando não há consenso, isso poderá agravar a situação, com reflexos negativos para os filhos.
poderá agravar a situação, com reflexos negativos para os filhos. O importante, acima de tudo, é que os cônjuges não coloquem os filhos no meio das suas discussões e não os façam objetos de disputas, valorizando o vínculo afetivo para com eles e respeitando o direito deles de amarem, serem amados e conviverem com cada um dos genitores.
(…) alguns reflexos emocionais e consequências podem ser observados no comportamento dos filhos quando ocorre a separação dos pais.
Poderá haver consequências emocionais para os filhos, tanto nas separações quanto nos relacionamentos instáveis dos pais que vivem juntos, mas que não vivem bem. Boas relações também influenciam as emoções de forma positiva.
Os impactos das separações são evidenciados ou expressados de várias maneiras, tanto de imediato como no decorrer dos anos, somando-se a outros traumas que geram elevada e necessária frequência de crianças, jovens e adultos nos consultórios dos terapeutas e psiquiatras, na busca do entendimento de si mesmos e dos motivos e reflexos dos sofrimentos vivenciados nos primeiros anos de vida.
As reações das crianças e adolescentes diante da ruptura da relação dos pais normalmente são de muita aflição, medo e tristeza. Esses sofrimentos podem ser notados nos filhos durante e após o período de decisões e rompimento, decorrendo muito mais dos conflitos que presenciam do que da dissolução do casamento em si. Nos momentos de crise, nem sempre os filhos são observados e respeitados como deveriam. É necessário protegê-los e preservá-los de maiores sofrimentos, sem os excluir das principais decisões, principalmente as que impactarão as suas rotinas e o seu bemestar.
As crianças e adolescentes poderão ter mais problemas se não entenderem claramente o que está acontecendo no grupo familiar e não forem comunicados das decisões que afetarão o futuro de todos, podendo até mesmo se sentirem culpados pelos sofrimentos dos pais.
Situações que não são devidamente esclarecidas podem agravar ainda mais os sofrimentos dos filhos. Nas crianças isso poderá gerar angústias e perturbações no seu mundo emocional. Nos adolescentes, pode desencadear sentimentos de desprezo pelos pais, decepção e revolta.
Na adolescência, (…) os filhos passam por períodos de dúvidas em que a presença dos pais é muito importante. São períodos difíceis e decisórios em que estarão mais suscetíveis a serem levados a experimentar as aventuras perigosas e a se isolarem, ou mesmo se voltarem ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas. Essas angústias geralmente se agravam quando os próprios pais estão em conflito e se descuidam temporariamente daqueles que mais precisam deles no momento.
Fonte: Família, jornada de libertação, Iraci de Oliveira, Fergs Editora