O MEDO E SEUS VÁRIOS ASPECTOS
O instinto de conservação da vida induz o indivíduo a manter receios em torno de tudo quanto é desconhecido, que se lhe apresenta como ameaçador.
A necessidade de segurança, tendo em vista a própria e a sobrevivência da prole, induz ao medo das ocorrências imprevistas, que se podem apresentar de maneira desastrosa.
Não obstante esse fenômeno se encontre ínsito na criatura humana como decorrência das experiências anteriormente vivenciadas, outros tipos de medo se apresentam como resultado de transtornos psicológicos, de atavismos ancestrais, de ansiedades mal contidas, de convivências perturbadoras.
Desse modo, manifesta-se de forma normal ou patológica, quando, no último caso, se experienciam alterações emocionais e físicas que conduzem ao pavor, responsável por graves consequências no comportamento.
Evidentemente, todos sentem medo em algum momento ou circunstância da existência física, o que é perfeitamente normal. Aqueles que reconhecem possuir o sentimento, com mais facilidade enfrentam-no, podendo controlá-lo, enquanto que, aqueles que o negam, mascaram-no e sofrem-lhe os efeitos perturbadores, tombando, não raro, em colapsos nervosos diante de situações embaraçosas, graves ou não, que exigem serenidade para decidir e valor moral para enfrentar.
O medo pode resultar de causas reais ou imaginárias que o desencadeiam, produzindo os mesmos resultados emocionais. Não é exatamente o fato que se responsabiliza pelo acontecimento, mas conforme o mesmo é sentido ou compreendido pelo indivíduo, que se torna o fator desencadeador do medo.
Em razão da impossibilidade de autodefender-se, a criança sempre sente muito medo. O adulto sempre se lhe afigura como fator de proteção e amparo. Quando isso não ocorre, transforma-se-lhe na imaginação em motivo de terror, que sempre está preparado para afligila, maltratá-la, destruí-la, gerando-lhe pavor, que muitas vezes também a imobiliza, quando a situação é grotesca, violenta ou agressiva. Como decorrência, essa emoção perturbadora é instalada no infante pela imprevidência e ignorância dos adultos que preferem ameaçá-la em nome da educação primitiva, do que orientá-la e auxiliá-la no discernimento e na compreensão dos fatos e ocorrências que a envolvem.
(…) é necessário que o paciente se conscientize do próprio medo, recuperando-se da infância atormentada, e tome as providências compatíveis para libertar-se da rigidez muscular, da tensão emocional, readquirindo a alegria de viver.
(…)
Como terapia para todos esses conflitos que geram medo, tornam-se indispensáveis a ajuda correta do psicoterapeuta habilitado e o esforço do paciente para libertar-se da ira sob controle, da amargura penetrante, conscientizando-se dos próprios limites e das infinitas possibilidades que lhe estão ao alcance, dependendo do desejo real de realizar-se e de ser feliz.
É compreensível, porém, que permaneçam os receios naturais de tudo quanto se apresenta como desconhecido até o momento de identificá-los, de tudo quanto produz dor e sofrimento, não lhes evitando o enfrentamento e avançando na sua direção com naturalidade e discernimento, a fim de ultrapassá-los.
Essa conduta resulta em uma atitude saudável perante a vida e si mesmo.
Fonte: O despertar do Espírito, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis