ESTRESSE
Razão de ser do estresse:
Numa investigação realizada por Selye, no ano de 1948, foi aplicado o termo estresse como a pressão exercida sobre o indivíduo em forma de carga de energia superior à sua capacidade de resistência emocional, que produz distúrbio de conduta.
Desse modo, qualquer tipo de carga, pressão ou força que se vivencia, passou a ser considerada como passível de natureza estressante.
Essa carga não tem uma característica isolada, mas pode ser considerada como a soma de fenômenos e ocorrências não específicas, que se podem manifestar como prejuízo ou defesa.
Apresenta-se em localização especial, quando se trata de um problema orgânico, ou de maneira geral, em forma de síndrome, resultado de diversas coerções que não são liberadas.
Numa sociedade competitiva e angustiada como a atual, o fenômeno do estresse generaliza-se em razão do volume de compromissos, da escassez de tempo para os atender, da busca desesperada por melhores salários e comodidades, de divertimentos e de prazeres, dando lugar à ansiedade, produzindo culpa e desarmonizando a estrutura emocional.
Essas ocorrências produzem neurastenia, cansaço exagerado, sucessão de problemas trágicos e perturbadores, que deságuam no comportamento que se desorganiza, gerando transtornos e distúrbios neuróticos mais graves.
Por outro lado, quando se experimenta uma grande tensão para livrar-se do estresse, inevitavelmente o indivíduo torna-se-lhe vítima, porque essa também é uma forma de pressão, muitas vezes superior à capacidade de resistência emocional.
Nesse caso, podem-se contabilizar as fugas dessas constrições, o distanciamento de qualquer tipo de ameaça, a negação para identificar o perigo, a luta contra o medo de acontecimentos danosos, gerando sobrecarga emocional que termina expressando-se como uma forma de estresse.
Não apenas as ocorrências aflitivas encarregam-se de inquietar, mas também a ansiedade em torno daquilo que se almeja, pelo que se afadiga, pelas conquistas realizadas que culminam no êxito, por exemplo, no matrimônio, na conclusão de um curso, na aquisição de uma carreira, na glória de um empreendimento…
Assim sendo, as atividades psicológicas positivas e desejadas, quando conseguidas, podem também transformar-se em fatores geradores de estresse, portanto, porta aberta a situações cansativas e desmotivadoras.
(…)
A existência humana apresenta-se portadora de um elenco de quase infinitas possibilidades que devem ser experimentadas, a fim de tornar-se digna e merecedora de ser vivida saudavelmente.
O ego, no entanto, estabelece os seus parâmetros e assoberba-se de ilusões e de posses mentirosas que a realidade se incumbe de desfazer, porque sem estruturas legítimas, fundamentadas em quimeras, em perturbações e sonhos infantis não superados pela idade adulta.
O aprofundamento da identificação da autoconsciência faculta a valorização do Sipróprio (Self), ampliando a esfera de aspirações e de metas que devem ser realizadas.
As experiências sociais e humanas, os desafios e dificuldades, as lutas e desacertos não deveriam constituir força estressante, porque têm por objetivo amadurecer a capacidade emocional, fortalecendo-a para embates mais vigorosos que devem ser travados até o momento da completude.
Cada experiência existencial converte-se em valor emocional que se soma aos anteriores, propiciando crescimento pessoal e realização interior.
Ninguém alcança patamares de equilíbrio sem passar pelos testes de lutas edificantes.
Fonte: Livro Conflitos Existenciais-Divaldo Franco pelo espírito de Joanna de Ângelis