DEPENDÊNCIA QUÍMICA E FAMÍLIA
Não podemos esquecer que o número de pessoas que são dependentes químicos está diretamente relacionado ao fato de que falar em uso abusivo de substâncias psicoativas (SPA) ou dependência química também é falar de patologias da alma; daí a relevância do tema para o Espiritismo.
Trata-se de uma alma enferma, que necessita de socorro para renovar-se.
É por meio da família que se aprende a ser indivíduo, tornar-se um membro de uma determinada sociedade. É na família que se dá o essencial da constituição da identidade das pessoas, é com os pais que se aprende o que se é ou se pode ser. As diversas mudanças e configurações ao longo do tempo e da cultura não retiraram do grupo familiar a tarefa de referência insubstituível na perspectiva psicológica da proteção, da educação e espiritualização do ser. A família tem assim, indiretamente, o papel de ancorar e promover o desenvolvimento e o progresso espiritual durante a vida na Terra.
Ao nível individual, as pessoas podem apresentar predisposição ao uso problemático de substâncias tanto de ordem da genética biológica e espiritual quanto por fatores ambientais (desenvolvimento) ou ambos. Pais e familiares são entendidos como prioridade universal de prevenção, em função de seu papel de suporte ao desenvolvimento saudável de suas crianças. O adequado monitoramento parental e uma forte relação afetiva são positivamente correlacionados com o decréscimo de uso de SPA entre estudantes.
A dependência não é problema somente do dependente em si, mas de todo o seu grupo familiar.
Como exposto por Allan Kardec, os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros; assim, os Espíritos dos pais têm por missão o desenvolvimento de seus filhos através da educação moral. É na família que a personalidade de que cada filho é portador se revela, com todas as suas fraquezas, cobertas com a não-consciência de seus atos, característica da infância. Assim, é oportunizado aos pais, através do amor e do cuidado, orientá-los e guiá-los para o progresso, missão pela qual terão que responder.
Programas educacionais durante a primeira infância que envolvem e oferecem suporte aos pais nos aspectos de cuidado e criação de seus filhos, e que incluem visitas familiares, têm demonstrado evidências de efetividade na prevenção de uso de SPA futuramente. Este é um desafio importante também para o Espiritismo: retomar a importância dos papéis parentais e da responsabilidade espiritualmente assumida como fator de prevenção de uso nocivo de SPA.
Fonte: Extraído do texto de autoria de Josiane Weiss. Revista A Reencarnação – nº 436.