ANSIEDADE
Psicogênese da Ansiedade
São muitos os fatores predisponentes e preponderantes que desencadeiam a ansiedade.
Além das conjunturas ancestrais defluentes dos confitos trazidos de existências transatas, a criança pode apresentar, desde cedo, os primeiros sintomas de ansiedade no medo inato do desconhecido – denominado por John Bowlby como vinculação – e do não familiar. Em realidade, essa vinculação apresenta um lado positivo, que é o de oferecer-lhe conforto e segurança, especialmente junto à mãe, com a qual interage em forma de prazer.
Desde o nascimento, havendo esse sentimento profundo, a criança prepara-se para uma sólida interação com a sociedade e demonstra-o, desde o princípio, quando qualquer alegria ou satisfação proporciona-lhe um amplo sorriso, apresentando-se calma e confiante.
Quando, porém, isso não ocorre, há uma possibilidade de a criança não sobreviver ou atravessar períodos difíceis, em face do medo inespecífico que seria originado pela ausência da mãe, que os psiquiatras identificam na condição de ansiedade livre flutuante.
O paciente apresenta um medo exagerado, e porque não sabe de quê, fica ainda com mais medo, formando um circulo vicioso. Dessa ansiedade, as aparentes ameaças externas, mesmo que insignificantes, tornam-se-lhe demasiadamente grandes, culminando, na idade adulta, com uma dependência infantil.
Quando uma criança severamente punida pelos pais – que se apresentam como predadores cruéis -, há maior necessidade de apego, tornando-a mais dependente, buscando refúgio, neles mesmos, que são os fatores do seu medo.
Esse medo do desconhecido, ainda segundo Bowlby impõe uma vinculação familiar que, ao ser desfeita, amplia a área da ansiedade.
Certamente, o fenômeno tem as suas raízes profundas na necessidade de reparação da afetividade conflitiva que vem de outras existências espirituais, quando houve desgoverno de conduta, gerando animosidade (nos atuais pais) e necessidade de apoio (no Espírito endividado, que ora se sente rejeitado).
A vinculação com pai produz segurança, a separação proporciona angústia.
No período inicial, essa vinculação pode ser transferida para outrem, quando na ausência da mãe; mais tarde, porém, como a criança já sabe quem é a mãe, não a tendo, chora, perturba-se, inquieta-se, e transfere a insegurança para os outros períodos da existência.
Essa ansiedade básica ou fundamental representa a insegurança que resulta de sentir-se a sós, num mundo hostil, em total desamparo, levando-a a um tormento, no qual nunca está emocionalmente onde se encontra, desejando conseguir o que ainda não aconteceu.
Como decorrência da instabilidade que a caracteriza, anseia por situações proeminentes, destaques, conquistas de valores, especialmente realização pelo amor, em mecanismos espetaculares de fuga do conflito…
A busca do amor faz-se-lhe, então, tormentosa e desesperadora, como se pudesse, através desse recurso, amortecer a ansiedade. No íntimo, porém, evita envolvimentos emocionais verdadeiros, por medo de os perder e vir a sofrer-lhes as consequências.
Existe uma necessidade de identificação de pensamentos irracionais que, não poucas vezes, são os responsáveis pelo desencadeamento da ansiedade. Basta um simples encontro, algo que desperte um pensamento automático e irracional, e ei-la que se faz presente.
No inconsciente do indivíduo inseguro existe uma necessidade de autorrealização que, não conseguida, favorece-lhe a fuga pela ansiedade, normalmente produzindo-lhe desgaste no sistema emocional, por efeito gerando estresse no comportamento.
Na problemática dos confitos humanos surge o recalcamento que, segundo Freud, resultaria da ansiedade intensa, de um estado emocional muito semelhante ao medo. Segundo ele, o medo da criança de perder o afeto dos pais leva à ansiedade, que a induz a atitudes de inquietação e agressividade.
Considerando-se, ainda, conforme o eminente mestre vienense, que a ansiedade é muito desagradável à criança, ela se esforçará para ver-se livre. Não conseguindo, foge para dentro de si mesma, experienciando a insegurança por sentir-se impossibilitada de reprimir o que a desperta – o ato interdito.
Processos enfermiços no organismo físico igualmente respondem pelo fenômeno da ansiedade, especialmente se o indivíduo não se encontra com estrutura emocional equilibrada para os enfrentamentos que qualquer enfermidade proporciona.
O medo de piorar, de não se libertar da doença, recuperando a saúde, o receio da falta de recursos para atender às necessidades defluentes da situação, o temor dos comentários maliciosos de pessoas insensatas em torno da questão, o pavor da morte, favorecem o distúrbio de ansiedade, que se agrava na razão direta em que as dificuldades se apresentam.
A ansiedade é, na conjuntura social da atualidade, um grave fator de perturbação e de desequilíbrio, que merece cuidados especiais, observação profunda e terapia especializada.
Fonte: Conflitos Existenciais, cap. 8 Psicogênese da Ansiedade – Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Angelis)