A QUESTÃO AMBIENTAL
Não é de agora que se forjam as diversificadas correntes de pensadores sociais, preocupados com a situação do ambiente planetário e sua preservação.
Aparecem e destacam-se em suas linhas de evocações, homens e mulheres que, ao se afixarem junto aos temas e lemas do naturismo e da ecologia, hão se afervorado na legítima defesa dos valores com que o Criador dotou a Natureza, em todos os reinos que se distribuem no mundo terreno.
Louvável empreendimento. Valorosa luta, quando vemos que, na Terra, convivem o conhecimento ao lado da ignorância, a maturidade com a estultícia, o cuidado com o relaxamento, a proteção com o vandalismo, o que representa a ensancha concedida pelo Criador para que os valores do bem possam suplantar os desvalores infelizes, que povoam, sem embargo, as preferências de grande número de criaturas humanas, situadas em distintos estágios de evolução tanto em nível intelectual quanto em nível de madureza moral.
O ambiente terrestre, assim, apresentando expressões de belezas intraduzíveis que se diferem de acordo com a sua natureza estrutural, convida os humanos a apercebimentos e meditações, a aprendizados e realizações inumeráveis, próprias a conduzir a todos para indescritível felicidade.
Contudo, onde o verde luxuria, na pradaria repousante ou na selva protetora da saúde, o homem faz surgir o deserto e a secura.
Não sabendo ou não se interessando em saber explorar sem destruir, altera e perturba a ordem de tudo, cujas consequências sobre si mesmo recairão, impondo-lhe desequilíbrios e frustrações variados.
Onde correm águas cristalinas e salutares ou onde rugem o oceano desafiador e a fonte pujante de vida, o homem que ignora, e o que deseja manter-se como quem ignora, faz surgir o apodrecimento, a morte, o caos, desde os derramamentos de dejetos indesejáveis, às toneladas de “ouro negro”, que, ao poluir, arrasa e malsina o meio, representando frustração e doença para si mesmo e para todos.
Onde o ar atmosférico carreia os aromas de flores ou as lufadas de saúde, o impensado ser humano, por capricho, má vontade e ignorância, transforma em campo pestilencial pelos vapores e gases que lança no espaço, decorrentes da ambição econômica, que deve promover lucros e mais lucros, sem qualquer consideração aos outros seres que, em breve, tanto quanto ele mesmo, estarão padecendo soezes processos enfermiços.
Nas faixas dos ambientes físicos, há indivíduos que os arruínam, admitindo as vantagens dos gozos “no aqui e no agora”, tangidos por suas visões materialistas, ainda quando, paradoxalmente, façam parte de movimentos de crenças religiosas.
Esses mesmos ambientes físicos, porém, seguem ultrajados em nível psíquico, em nível energético, posto que neles muitos homens desenvolvem a pornografia, de largo espectro; atiçam e praticam crimes nefandos; projetam de si fluidos venenosos por suas mentes atreladas ao desequilíbrio, impondo ao seu habitat as fluidificações asquerosas, capazes de contaminar os que a ele se ajustem ou que nele se mantenham por algum motivo.
A questão ambiental, assim, é uma questão que depende, para ser resolvida, da resolução tomada pelos próprios homens, Espíritos reencarnados no mundo, para a reestruturação de si mesmos.
Nenhuma modificação de vulto se poderá esperar nos vastos cenários da vida física, antes que surjam profundas alterações no mundo moral dos homens, o que é uma típica questão educacional.
Põe alguém deseducado para viver num palácio e este será convertido num pardieiro.
Situa alguém deseducado a conviver num jardim e este será transformado em campo sáfaro e arruinado.
Entrega a alguém deseducado a guarda de inexpertas crianças e te depararás, dentro em pouco, com delinquentes diversos, nascidos dos pendores de maus cidadãos nelas cultivados.
Entrega detritos a alguém deseducado e verás como serão espalhados, difundidos, provocando enfermidades insidiosas.
De outro modo, sabes que se algum indivíduo assinalado por feliz educação, que lhe faça rebrilhar o mundo moral, for constrangido a habitar uma choça, com certeza transformá-la-á em ambiente higienizado e agradável, ainda que pobre. Educado para a vida, alguém que disponha de uma arroteia convertê-la-á em pomar excelente, ou se lhe couber conduzir pequenos de condutas antissociais, buscará imprimir nesses caracteres as marcas de formidável postura perante a existência, como quem semeia benditos grãos em terreno preparado a fazê-los germinar e frutescer ao longo do tempo. E, se puseres dejetos sob os cuidados de alguém iluminado pela salvadora educação, verás que serão transformados em indispensável adubo patrocinador de progressos avultados.
Os diálogos e discussões amadurecidos em torno das questões do ambiente, sem dúvida, evocarão para o alcance de seu desiderato, a proeminência da educação, demonstrando o aprofundamento de vistas dos seus promotores, desejosos de que se possa erguer o edifício do respeito à vida a partir dos alicerces educacionais.
Sempre que te vejas, então, perante as intermináveis querelas sobre o ambiente terrestre, percebe se se cogita de superior educação dos caracteres humanos. Caso isto não pertença à pauta, saberás da acanhada visão dos partícipes e das grandes possibilidades de que não logrem o esperado êxito.
Onde a educação é ignorada, as providências meramente exteriores tornam-se perda de tempo e falácia colorida.
Fonte: (Livro Educação e Vivências – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, fl.13)