A ECOLOGIA E A EDUCAÇÃO
Os especialistas da Terra estão, quase sempre, pautando-se dentro de um ângulo de visão de cunho materialista, promovendo com essa postura diversos paradoxos em suas afirmativas.
Na área dos estudos ecológicos, em particular, a situação se repete, exigindo-nos alguma meditação, a fim de alcançarmos melhor ponto de vista, conseguindo nortear o próprio raciocínio para encarar a questão.
Em todas as partes do planeta, no seio das diversificadas sociedades, veem-se, hoje, as preocupações, mais do que legítimas, com a Natureza, que vai pelo homem destroçada, gradativa, mas continuamente
Há grupos e instituições organizados para a defesa da Natureza, contra as depredações do descuido e do vandalismo.
Surgem soberbas preocupações com os platirrinos, representados pelo mico-leão e pelo mico-de-topete, operando toda sorte de providências no sentido de salvá-los do desaparecimento.
Aparecem notáveis órgãos privados e governamentais, empenhados em proteger os múltiplos cetáceos, basicamente nas figuras das toninhas e das baleias, para que não sejam eliminados dos mares terrenos.
Um sem-número de assembleias e congressos se manifestam em prol das florestas, das árvores seculares, principalmente a seringueira, nas realidades da Amazônia, enquanto outros encontros, tratados, discursos, voltam-se para a defesa das águas fluviais, lacustres e marinhas, para impedir que lhes sejam lançados os venenos engendrados por essa quadra paradoxal de progressos das técnicas e frieza das sensibilidades de muitos.
Fala-se da pureza do ar, das camadas de ozônio que se adelgaçam; opõem-se vozes respeitáveis dos meios científicos ou religiosos aos desmandos da poluição sonora, visual e outras tantas que os grandes centros urbanos impõem aos homens.
Há que se pensar um pouco mais detidamente sobre tudo isso, exatamente porque nesta hora de infinitos interesses pelo “planeta azul”, como chamaram a Terra, afetivamente, corajosos e triunfantes astronautas, vemos, nas megalópoles, morrerem centenas de crianças e de idosos nas mãos covardes de “grupos de extermínio” ou nas teias cruéis da indiferença social.
Os mesmos que deblateram contra a violência cometida sobre o mundo material, ou sobre os reinos inferiores ao humano, dão de ombros ou simplesmente ignoram os graves acontecimentos da violência contra seres humanos. Olvidam-se, sem embargo, de que o elemento mais importante do ecossistema terrestre é o próprio homem, esquecido, relegado, encharcado pelos vícios, tragado pela sexolatria, corroído pelo vírus do tremendo egoísmo, longe de qualquer expressão educacional que o possa socorrer, dando-lhe normativas de segurança.
A educação, nesse ponto, ganha eloquente expressão, consoante já afirmou o Codificador do Espiritismo, corroborando as orientações dos eminentes Mensageiros, Guias da Humanidade.
O homem nobremente educado, como propõe a veneranda Doutrina dos Espíritos, ou seja, orientado por uma educação de ordem moral, significando mudança de costumes, fará com que os quadros das instituições planetárias logrem transformações felizes, pela conscientização que passa a nortear suas decisões.
Somente o indivíduo humano moralmente bem formado, moralmente educado, atingirá o nível de entendimento do mundo e do respeito à vida, de tal forma que não mais terá impulso para destruir, para poluir, para enfeiar os cenários da casa sideral onde se acha hospedado, durante um tempo mais ou menos longo.
Que se cuide, com esmero e atenção, de todas as formas minerais, vegetais, animais que embelezam o planeta e mantêm seu equilíbrio em todos os níveis. Entretanto, não se poderão esquecer as crianças, os adultos, os anciãos, os seres humanos, em geral, na folha das preocupações ecológicas, sob pena de tudo converter-se num procedimento de paixão neurótica, sem merecer a devida atenção e o necessário respeito de todos.
Uma boa escola bem poderá substituir sofisticadas penitenciárias, tanto quanto um lar bem ajustado imporá a transformação da sociedade, coroando o mundo com bênçãos de saúde e renovação para o futuro.
A ecologia não deverá ser dissociada da educação, a fim de que o alcance dos seus enobrecidos objetivos sobre o mundo. Fora dessa vinculação redentora, os movimentos ecológicos, na atualidade terrena, não passarão de oca movimentação em torno de coisa nenhuma, representando perda de tempo e estultícia.
Fonte: (Livro Educação e Vivências – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, fl. 25