SENESCÊNCIA: ADOLESCÊNCIA DA VELHICE
Com o aumento atual da longevidade, fica mais evidente a senescência, a movimentada etapa anterior à velhice, assim como a adolescência precede a maturidade.
Adolescer significa crescer e “senescer” (verbo ainda não registrado nos dicionários) significa envelhecer.
Muitos que estão em plena maturidade, com alta capacidade produtiva, são aposentados, compulsoriamente ou não.
Ainda com energia vital, dinheiro suficiente e bons conhecimentos, com filhos já crescidos, ficam com tempo disponível para se dedicar ao que sempre quiseram fazer e nem sempre puderam: viajar, aprender línguas e outros ofícios, escrever, curtir a vida com os netos, sem a responsabilidade de pais, e outros passatempos.
Quando o homem dessa fase começa a avançar nas mulheres, é chamado popularmente de “velho safado”. Não é muito comum, mas cresce o número de mulheres que “atacam” os homens. “velhas assanhadas”, diriam as más línguas. Seria um desespero da força relacional no senescente?
Os senescentes querem aproveitar o tempo e os estertores da saúde porque a velhice lhes bate à porta. Mas muitos deles continuam sustentando filhos e netos.
Os avós senescentes vivem os maiores conflitos, porque ainda têm saúde, não se sentem velhos e querem participar da educação dos netos. A intenção é muito mais viver o prazer relacional de modo a preencher o entardecer da vida com a matinal alegria e a ingenuidade infantil dos netos.
Mas vale a pena todos ficarem atentos às grandes modificações que estão ocorrendo nas dinâmicas familiares. O Censo 2000 do IBGE revela que a importância econômica dos maiores de 60 anos aumentou, pois 20% dos domicílios do país (8,9 milhões de residências) são sustentados por eles.
Não vivem “parados como postes” mesmo aposentados, pois muitos continuam trabalhando tanto na economia formal quanto na informal. Isso quer dizer que há muitos avós sustentando filhos e netos
Essa geração de senescentes começou a trabalhar bem cedo, na época do milagre econômico brasileiro, e continua trabalhando num tempo em que o desemprego e o subemprego atingem seus filhos.
Fonte – Livro: Quem Ama, Educa! Içami Tiba