A PRECE
Qual a atitude que se deve tomar, quando uma dor imprevista nos sacode nesse mar encapelado, que tenta envolver-nos em suas terríveis ondas?
O melhor porto para nosso refúgio é a prece.
Não creia, porém, que para fazê-la seja necessário ir a uma igreja, a um templo ou a um centro: a natureza é o Templo de Deus, que está em toda parte. Tampouco é indispensável ajoelhar-se: Deus está em redor de nós, dentro de cada coisa criada, dentro de nós mesmos, onde quer que estejamos.
Fazer prece, mais ainda, não é repetir fórmulas decoradas e maquinalmente recitadas com os lábios. Que diria você se alguém chegasse a sua casa e dissesse: “Boa tarde…boa tarde…boa tarde…boa tarde…”? Você a julgaria fraca de cabeça, sem dúvida. E será assim que você conversará com Deus, com seu Pai?
Prece não é isso. E daí que muitas vezes não se obtém o que se espera.
Jesus foi bem explícito, no Evangelho, quando disse: “não faças como os gentios, que pensam que, pelo muito repetir, obtêm o que desejam”.
Que é, então, e como deve fazer-se a prece?
Em primeiro lugar, quando começar a sentir-se atordoada, recolha-se ao seu quarto, feche a porta, deite-se na cama ou sente-se confortavelmente; relaxe os músculos e então eleve o pensamento a essa Força Universal que dirige os universos, e que está aí, dentro de seu quarto, a seu lado, dentro de você. Converse, como faria com um amigo. Não pense que Deus está muito longe, e que seria preciso gritar para ser ouvido: basta até pensar. Nem mesmo são necessárias as palavras, para entrarmos em contato com o Pai.
Então recolha-se, esqueça de seu corpo, de tudo o que a cerca, e concentre sua mente em Deus que habita em você. Converse com Ele, com palavras espontâneas, tal como se se dirigisse a um amigo íntimo que a ama. Fale de coração a coração, exponha suas ideias, diga o que a aflige, e depois pare de falar e de pensar. Permaneça silenciosa durante algum tempo, procurando manter a cabeça vazia de qualquer pensamento, de qualquer preocupação, de qualquer medo. Aguarde, nesse silêncio, a resposta à sua prece.
Nesse silêncio, que se segue ao nosso desabafo, virá sem dúvida a resposta de que mais precisamos, o conforto que esperamos, a energia que buscamos
Experimente essa terapêutica, muito aconselhada pelo Dr. Alexis Carrel.
Não importa qual sua religião, nem mesmo importa se não segue nenhuma: Deus não ajuda as criaturas de acordo com “rótulos” que penduremos em nós. O que importa é a sinceridade, o amor que em nós vibra
Também não interessa se somos letrados ou analfabetos, brancos ou negros, ricos ou pobres. O que é ouvido pelo Pai, é o pulsar de nosso coração, e não a beleza ou a feiura de nossa linguagem. Comunicamo-nos com Deus pelo coração, pelo sentimento, e não pela cabeça, pelo intelecto.
Outro ponto de grande importância é a forma de nossa súplica.
Há quem pretenda, na prece, ENSINAR A DEUS aquilo que Ele deve fazer para nós. Concordemos que a pretensão é grande demais: “Ele sabe, antes que lhe peçais, aquilo de que necessitais.” Não. Apenas digamos, com simplicidade, o que nos aflige.
E lembremo-nos de que não somos apenas nós que sofremos no mundo. Então, quando suplicar a ajuda de Deus, não seja egoísta. Não peça apenas para si: “dai-me isto, concedei-me aquilo, consolai-me”. Não. Quando tiver que pedir uma ajuda de Deus, que é pai de TODOS, peça generosamente POR TODOS. Diga assim:
“Senhor, muita gente sofre na humanidade: consolai a todos os que sofrem!”
Se tiver uma dor, uma enfermidade, peça a Deus POR TODOS os que estão enfermos e sofrendo alguma dor.
Ao menos no momento da prece, aprenda a obedecer ao mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, TANTO QUANTO Eu vos amei”; ou, pelo menos, o “ama a teu próximo COMO a ti mesmo”. Então peça pelos outros para que também obtenha. Nada de egoísmo. Nada de amar a si mesmo mais do que aos outros, pensando somente em si.
No instante em que conversar com Deus, siga o que Ele nos ordenou, e assim obterá muito mais fácil e rapidamente para si.
Fonte Livro Teu Lar Tua Vida – C. Torres Pastorino, fl.21.