ESTRUTURAÇÃO DA FAMÍLIA ANTES DO NASCIMENTO
Como é que se estrutura a família no Mundo dos Espíritos?
Embora encontremos no Movimento Espírita o pensamento do senso comum estabelecendo que cada fulano vem à Terra para encontrar uma certa “beltrana”, ambos devidamente definidos um para o outro, desde o além, as coisas não se passam exatamente assim.
Tão logo surja o tempo em que os desencarnados, na erraticidade, devam pensar no próximo retorno aos campos terrenos, costumam os Mentores Espirituais se reunir com eles, a fim de tratar da questão. Claro está que essas reuniões, esses diálogos e entendimentos só se dão quando se trata de espíritos com maturidade suficiente para compreender, para penetrar o bojo das situações, retirando daí o que seja melhor para si, na caminhada evolutiva. Esses Mentores agem como quem, numa reunião de sérias decisões, pusesse sobre a mesa todos os porquês, todos os senões, conquistas, débitos, ações complicadoras e virtudes trazidos das reencarnações anteriores, pois muitas situações experimentadas na derradeira existência estavam atreladas a existências mais remotas.
A análise das situações é feita acatando-se a um conjunto de reencarnações, por meio das quais seus tutelados efetuaram um sem número de atividades, tomaram incontáveis atitudes, em todas as direções da vida humana, o que lhes acarretou uma soma de compromissos luminosos, positivos, geradores de felicidade, e um montante de comprometimentos sombrios, escusos, negativos, geradores de desditas, de sofrimentos.
Os nobres Guias, assim, levam os candidatos à reencarnação a reflexões sérias, profundas, a respeito das suas próprias necessidades. Conseguem concluir, com clareza, quanto aos tipos de existência terrena a que fazem jus. Avaliam os modos de vida que lhes propiciarão liberação rápida ou lenta, verificam suas condições para suportar uma ou outra vereda provacional-expiatória, e estabelecem, desde então, com que tipos de indivíduos deverão se encontrar, a fim de melhor aproveitar a ensancha no mundo.
É desses entendimentos e ajustes que cada ser, que se prepara para o grande retorno aos cenários da matéria densa, conclui a respeito das características que deverão ter suas relações conjugais, filiais, pater-maternais. De outro modo, que caráter deverá ter a esposa ou o esposo, o pai e a mãe, os filhos, aqueles que, na ordem natural da existência, mais próximos de si estarão, propiciando-lhe ocasião de expiar o que deve, alcançar as virtudes das quais carece, ajustando-se ao contexto das leis do Criador.
Há espíritos que renascerão em corpos masculinos e necessitarão de esposas exigentes, disciplinadoras, sem grandes demonstrações emotivas, em razão da equipagem que trazem do pretérito. Outros deverão encontrar esposas afetuosas, emotivas, românticas e liberais. Outros mais, precisarão de companheiras nas quais se misturem essas várias nuances do caráter.
Há os que reencarnarão com morfologia feminina e que, por sua vez, carecerão de esposos, de companheiros portadores de tipos de caráter como os apontados acima. Uns serão esposos rígidos, policiadores, dominadores, afetivamente frios; outros serão sensíveis, amigos, parceiros, atenciosos ou que experimentem no modo de ser combinações dessas características.
O que se pode pensar em termos de necessidade moral, para a formação de casais, pode-se estender para as condições de pai e de mãe. Haverá os que precisem de genitores enérgicos, controladores, disciplinadores, cobradores, ao lado de outros que carecerão de genitores companheiros, cordatos, alegres, responsáveis, e assim por diante.
Dadas as necessidades, os espíritos são preparados para renascer em novo corpo físico em determinada família, cujas características melhor atendam ao reencarnante, seja em termos biológicos, sociais, econômicos ou morais.
A família terrena tem, então, importância enorme no processo da reencarnação de cada espírito. Nela este encontrará o que lhe seja necessário para podar os males do caráter, quanto para conquistar as virtudes que lhe faltam, transformando-se de pedra bruta em gema preciosa e rutilante, caso a sua maturidade lhe permita visualizar e entender tudo isso. Caso não consiga perceber essa função divina do grupo familiar, o reencarnado poderá complicarse ou complicar-se mais, fazendo-se devedor dessa benesse que lhe foi concedida pela vontade amorosa de Deus, da qual não fez bom uso.
Os filhos chegam à Terra nos braços de pais que foram acordados no Invisível pelos Mentores Espirituais responsáveis por sua tutela, salvo os inúmeros casos em que a invigilância, a intemperança e a promiscuidade sexual atraem diversas entidades que se imiscuem nas programações reencarnatórias de indivíduos incautos que contraem compromissos que, inúmeras vezes, não lhes caberia, caso tivessem pautado a existência humana de modo mais nobre.
Mesmo em casos assim, de criaturas que se precipitam, quer por viciação, por desassossego emocional ou mesmo por instigação obsessiva, não falta o olhar da Divindade, que considera o quadro reeducativo tanto para os desatentos encarnados quanto para os precipitados desencarnados, uma vez que Deus transforma sempre os frutos dos equívocos de Suas criaturas em lições nutritivas para o futuro vitorioso, para a evolução.
Então, no Invisíviel a formação da família é vista de conformidade com as necessidades dos reencarnantes, podendo o espírito, em chegando ao mundo, promover alterações de leve ou de forte impacto na estrutura de sua vida, melhorando disposições ou complicando-se mais, em nome de seu livre-arbítrio.
Quando os espíritos são dotados de expressivos valores morais, é-lhes facultada a escolha, a seleção, o condicionamento do núcleo familiar com que viverá na Terra. Faltando esses valores nos espíritos de pouca evolução, os Espíritos Mentores tratam de estabelecer que tipo de família será melhor para o progresso e a libertação gradual dos seus tutelados.
(Fonte: Desafios da Vida Familiar – Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, p.43, item 15)