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A cura real
“Mas felizes os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.” (Mateus, capítulo 13º, versículo 16)
A grande maioria das pessoas dirige-se à Casa Espírita em busca de curas ou de algo que lhe seja concedido sem qualquer esforço. Poucas aí comparecem com o propósito sincero de renovar valores íntimos ou de aprimorar conhecimentos; ao contrário, procuram, sequiosas, realizar seus caprichos e desejos imaturos.
A excelência da lição espírita é ensinar o homem a restituir a si mesmo a harmonia espiritual perdida. Mostra-lhe que o sintoma é sempre um efeito exterior, e que deve ir em busca do seu interior para dissolver a causa espiritual dos desajustes.
Sabemos que o ser humano é uma unidade anímico-biológica inseparável (matéria-espírito) e que as enfermidades são manifestações mórbidas cuja causa primeira repousa no mundo mental. Qualquer desarmonia interior transmitirá estados vibratórios deletérios que atacarão naturalmente o cosmo fisiológico. Portanto, os dirigentes devem manter o grupo que comandam com um alto teor de entendimento quanto ao objetivo precípuo do Espiritismo, no campo das curas espirituais. A Doutrina codificada por Allan Kardec é a precursora de uma Era Nova, não uma seita mística fundamentada nas práticas de curandeirismo. Jesus Cristo, o Médico das Almas, curou muitos enfermos, porém tinha a intenção de não apenas regenerar o veículo físico, mas, acima de tudo, queria que os doentes dessem manutenção à cura recebida, transformando suas atitudes e ampliando a luz do conhecimento a fim de consolidar o próprio caminho. O frequentador do Centro não pode permanecer na ignorância da Vida Maior tanto quanto estava quando ali adentrou no primeiro dia. Curar por curar, sem que o doente nada aprenda ou nada evolua, não se ajusta aos propósitos do Cristianismo Redivivo. O ato de insistir e teimar, tentando subornar as leis divinas, é realização impossível ou projeto fantasioso. Quem quer saúde não pode envenenar a mente; quem quer paz precisa sanear as estruturas do coração. Querer que o mundo melhore em seu redor, sem nada alterar em seu mundo mental, é devaneio. Quem quer conquistar alguma coisa precisa dedicar-se a essa aquisição com denodo e determinação. São muitos os que buscam a alegria, caminhando na direção contrária; cabe, portanto, aos orientadores cristãos instruir e educar os aprendizes, não sustentar-lhes a amarga ilusão da cura sem renovação. Criaturas buscam com frequência médiuns e conselheiros para se esquivar da responsabilidade de agir por si mesmas, quando deviam trabalhar no sentido de suprimir os padrões negativos que cultivam na intimidade durante anos a fio. Muitos enfermos choram aflitos, percorrendo inúmeros grupos de oração, em busca de uma solução milagrosa, mas não cogitam, em momento algum, de qualquer modificação em suas concepções acerca dos fundamentais valores da vida. Solicitam reequilíbrio das energias vitais, entretanto se mantêm à disposição das próprias insânias. O Educador Celeste convoca todos os instrutores a se integrar nesse ministério de luz e esclarecimento, para que se edifique, primeiro neles e depois nos outros, o conceito da cura real e definitiva. É necessário divulgarmos a Ciência da Luz, que nos ensina a retirar a venda escura que ofusca os olhos e confunde os ouvidos, para que possamos aprender a ver as causas dos transtornos e conferir-lhes os efeitos, percebendo com inequívoca consciência as raízes de tudo o que acontece em torno de nossos passos.
Batuíra
Livro: Conviver e Melhorar – texto do Espírito Batuíra, ditado a Francisco do Espírito Santo Neto. Cap.35, p. 82.